domingo, 11 de dezembro de 2011

Reflexões sobre o futebol brasileiro.

O Footecon é um desses raros momentos em que os profissionais do futebol podem se reunir e pensar sobre os rumos do esporte no País. O evento, novamente realizado no Rio Janeiro, teve sua oitava edição nos dias 6 e 7 deste mês e envolveu treinadores, dirigentes, empresários e jornalistas, numa parceria entre o ex-técnico Carlos Alberto Parreira, Traffic e a organizadora de eventos, Fagga.
Neste ano, reuniram-se em Copacabana figuras conhecidas como os técnicos Mano Menezes, Joel Santana, Caio Júnior, Renê Simões, Jorginho, Dorival Júnior, Ney Franco, o diretor executivo do Vasco, Rodrigo Caetano, além do atual treinador da seleção estadunidense, Jürgen Klinsmann. Todavia, o que mais chamou a atenção foi a palestra do diretor das categorias de base do Barcelona, Jordi Mestre, explicando o funcionamento de suas canteras e como a filosofia do jogo adotada pelo clube catalão está acima de tudo.
Partindo desse ponto, o técnico da Seleção Brasileira, Mano Menezes, apontou a ausência de uma filosofia de jogo como o principal problema das categorias de base no Brasil: “Aqui, o técnico é o projeto. Quando sai o treinador começa tudo de novo. Deveria ser o contrário, com o clube indicando a filosofia para o treinador”.  E ainda citou a pressão por resultados até mesmo na base: “Não conseguimos viver sem resultados aqui”.   
Por sua vez, o jornalista Paulo Calçade criticou em seu blog a absurda necessidade de termos um dirigente do Barcelona no evento para nos lembrar de como produzíamos jogadores no passado: “Diretor de La Masia vem ensinar ao brasileiro o estilo brasileiro”. Embora eu geralmente concorde com Calçade, acredito que há uma diferença crucial entre a antiga escola brasileira e a barcelonista. Embora ambas prezem o toque de bola, a primeira se baseava na organização das individualidades, na liberdade para os talentos e nos improvisos. Com isso, o Brasil foi pentacampeão mundial e revelou uma quantidade de craques sem igual. Enquanto isso, a segunda se baseia na coletividade, na pressão sobre a bola e na compactação. Além disso, em essência, a filosofia do Barça é oriunda do Ajax de Cruyff, uma maneira de se enxergar futebol que o ex-jogador transformou em marca indelével quando treinou o clube catalão.      
No entanto, não é possível tirar a razão de Mano Menezes. A ausência quase total de projetos esportivos sérios, a influência negativa de alguns empresários, o apadrinhamento nas categorias de base, a técnica sendo preterida pelo porte físico, sem falar em casos escabrosos de pedofilia são as principais questões a serem tratadas por nossos clubes. Se existe uma mensagem do Barcelona tanto para o Brasil quanto para o mundo ela se encontra na implantação de uma filosofia séria, organizada e na convicção de não abrir mão da mesma diante de resultados negativos.
Imagem: Perfil do Footecon no Facebook.     

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