sábado, 19 de fevereiro de 2011

Velha Bota ou Bota velha?

Oito vitórias, quatro empates e dez derrotas, o que resulta em um aproveitamento de 42%. Esse é o retrospecto dos times italianos (incluindo a Sampdoria eliminada pelo Werder Bremen na fase preliminar) nesta temporada da UEFA Champions League. Sem dúvida, um desempenho muito inferior ao que se espera de equipes oriundas de um país tão tradicional no futebol.
E, como se essa situação não fosse suficientemente aflitiva, as derrotas de Milan e Roma jogando em seus domínios para Tottenham e Shakhtar Donetsk na abertura das oitavas-de-final indica que esta fase pode ser o fim da linha para ambos na competição.  
Explicar o porquê dessa decadência não é algo simples, pois envolve diversos fatores. O aspecto financeiro talvez seja o de menor impacto uma vez que a Serie A ostenta hoje a segunda colocação no ranking de ligas que mais movimentam dinheiro em contratações no mundo, atrás apenas da Inglaterra. E embora a arrecadação com bilheteria esteja muito aquém do que poderia ser, as receitas de TV são fartas.
O que mais preocupa na Velha Bota é a crise técnica e tática que o país atravessa. Arrigo Sacchi, talvez o último revolucionário da Itália, costuma dizer que o medo dos técnicos prevalece e é um empecilho para que o futebol se desenvolva. Outros analistas apontam as contratações de estrangeiros de qualidade técnica duvidosa em detrimento a jovens promessas locais como entrave tanto a Serie A quanto a renovação da Squadra Azzurra.
Infelizmente, esse baixo desempenho significou a perda de uma das vagas europeias para a temporada 2011/12 para a organizada Alemanha. Inclusive, a austera administração germânica tem servido de modelo para reestruturação que os italianos pretendem implantar. Todavia, só o tempo dirá se a lição foi bem assimilada.
Crédito da Imagem: Reuters

4 comentários:

Eduardo Junior - Blog Europa Football disse...

Ultimamente os italianos tem mesmo revelado poucos valores. Vale lembrar na Euro Sub 19 2010, onde a Itália havia chegado com o atacante da Inter, Destro, como artilheiro das eliminatórias. Na fase final, disputada na França, Destro não fez nenhum gol...assim como a Itália. Último lugar no grupo B, com um ponto, mas nenhum gol marcado, só cinco sofridos.

Esse Destro foi transferido pro Genoa e se não me engano, nem banco é lá...

minicritico disse...

Não sei se isso tem algo a ver com as razões citadas para o declínio do Calcio, mas desde pequeno acho curioso como o futebol italiano, muito mais que as outras grandes ligas europeias, tem uma espécie de pirâmide social com estratos muito bem definidos. Milan, Inter e Juve são como a aristocracia da bola de lá. Logo abaixo, temos um tipo de burguesia, a classe B, com clubes como Fiorentina e Roma. Em seguida, a classe média, com clubes de alguma história e certa estabilidade, como o Genoa (longínquos tempos de glória...), o Parma e a Udinese, por exemplo. E por fim, na base da pirâmide, equipes como Bologna, Atalanta, Lecce, Catania etc. Ah, e ali, em algum lugar entre as classes B e C, certamente se encaixam clubes como a Lazio, o Napoli e a Sampdoria.

Michel Costa disse...

Por incrível que pareça, até que me a situação melhorou, Eduardo. Afinal, após a queda de zagueiros como Nesta e Cannavaro e de atacantes como Totti e Toni, a Itália deu a impressão de que passaria um bom tempo sem revelar alguém minimamente razoável. No entanto os desempenhos de Bonucci, Ranocchia, Rossi e Balotelli servem de alento para a torcida azzurra.

Abraços.

Michel Costa disse...

Acho que essa divisão está presente em todas as grandes ligas, mas concordo que na Itália ela tem ares de imutável, Mini-Crítico. Uma explicação para isso está na receitas que pouco se alteram ao longo dos anos. No final dos anos 90 e início da década passada, Roma, Parma, Fiorentina e Lazio tentaram acompanhar o ritmo do trio do norte e quase todos quebraram, sendo que alguns não se recuperaram até hoje.

Abraços.