sábado, 1 de fevereiro de 2014

Touro ou toureiro

A Espanha e o mundo do futebol se despediram de Luis Aragonés na manhã deste sábado. Então com 75 anos, o ex-jogador com passagens por clubes como Real Madrid e Bétis é reconhecido pelas dez temporadas em que defendeu as cores do Atlético de Madrid, onde se tornou um ídolo eterno. Como treinador, Aragonés será lembrado como um homem dono de uma personalidade forte, capaz de encarar nos olhos um Romário consagrado por maior participação no Valencia ou se envolver em polêmicas como na ocasião em que cobrououtra postura do atacante Antonio Reyes diante do negro Thierry Henry, seu companheiro de Arsenal. Para muitos, um flagrante ato de racismo.
Contudo, sua maior contribuição para com o futebol foi a decisiva participação na mudança de mentalidade na Seleção Espanhola. Conhecida como Furia, apesar de poucas vezes ter feito jus ao apelido, a Espanha sempre esteve aquém dos principais selecionados do planeta e só encontrou o caminho das grandes conquistas quando decidiu que deixaria de lado a postura de “touro” para se tornar “toureiro”. Ou seja, ter a bola aos pés e fazer com que seus adversários corressem atrás dela, numa estratégia, ao mesmo tempo, ofensiva e defensiva. Um planejamento que só foi possível com a presença da semente barcelonista trazida por Xavi e Iniesta e que, após ser plantada por Aragonés, vem sendo cultivada pelo sucessor Vicente Del Bosque.
Os leitores deste espaço sabem que o “tiki-taka” espanhol nunca foi o estilo preferido deste blogueiro e que a simples menção de que todas as equipes deveriam seguir os passos de Barcelona e Espanha por aqui é vista como um equívoco histórico tremendo. Todavia, é inegável a eficiência dessa proposta e as duas Eurocopas somadas ao Mundial de 2010 estão aí para provar seu êxito. Uma trajetória de sucesso que no âmbito de seleções começou com Aragonés e que aos poucos faz seguidores. Sem dúvida, uma grande contribuição do agora saudoso treinador.
   

2 comentários:

Alexandre Rodrigues Alves disse...

Não era fã do Aragonés como treinador. Me passava a impressão de ser meio anacrônico demais nas suas equipes na Espanha. Mas na seleção ele surpreendeu, mesmo na Copa de 2006, onde na maioria dos jogos pôs o time para a frente. Faltou maior tranquilidade para tirar a França nas oitavas, mas já havia uma proposta interessante de jogo, que foi melhorada para 2008. Claro que ele contou com uma grande geração de atletas, mas fez bom uso dela e certamente ajudou demais nesse novo momento da Espanha.

Michel Costa disse...

Realmente Aragonés fazia o tipo boleirão. Como Del Bosque, embora as personalidades sejam totalmente distintas. No entanto, o falecido treinador sempre primou pelo apreço à qualidade do futebol e isso pôde ser visto em outras equipes que comandou. No Fenerbahçe, por exemplo, escalou Alex mais recuado para que o brasileiro pudesse armar o jogo de trás. Valorizo esse tipo de mentalidade que ainda anda em falta no mundo.

Abraço.