A derrota da Seleção
Brasileira para a Colômbia na última quarta-feira despertou na imprensa e na
torcida uma fúria e um fatalismo que andavam parcialmente adormecidos desde o
final da Copa do Mundo de 2014. Obviamente, o descontentamento foi
potencializado pela maneira como os comandados de Dunga foram subjugados
durante quase toda a partida que decretou o fim da sequência de onze vitórias
desde que o capitão do Tetra reassumiu o posto, porém, o exagero nas reações e
nas “avaliações” fez lembrar por que o jornalista inglês Tim Vickery nos define
como maníaco-depressivos.
Naturalmente, existem
pontos em que pouco há o que se discutir. O primeiro deles é que o futebol
brasileiro precisa rever determinados conceitos como, por exemplo, a função
exercida pelos meio-campistas. Atualmente, com a compactação dos setores, não
cabe mais a divisão entre os volantes que apenas marcam e os meias que só
atacam. Portanto, os jogadores que atuam na faixa central de nosso 4-4-2 (4-4-1-1)
devem participar da saída de bola, da criação da jogada e do avanço até a
intermediária ofensiva. Esse possivelmente foi o maior pecado da Seleção em sua
derrota. Com a marcação alta da Colômbia bloqueando as laterais, Elias e
Fernandinho não conseguiam executar a transição de forma adequada e a bola
voltava aos pés adversários em forma de perigosos contragolpes. Uma pressão que
acabou resultando no único gol do cotejo.
O segundo ponto (quase)
pacífico é que não possuímos uma grande geração neste momento. Excetuando
Neymar, os outros convocados possuem bom nível, mas poucos são realmente
capazes de dividir o protagonismo com o craque do Barcelona. Quando o atacante
não consegue atuar em seu mais alto nível, ninguém se mostra capaz de compensar
tecnicamente, assim como não há um jogo coletivo que possa sustentar a
performance da equipe em momentos de pouco brilho do ídolo. Construir uma
Seleção capaz de se impor mesmo sem seu maior astro – ora suspenso pela
Conmebol por quatro partidas – talvez seja a grande missão de Dunga em sua
segunda passagem.
No entanto, agir como se
este fosse o pior período de nossa história futebolística colocando-o abaixo de
entressafras similares ou fazendo recortes de períodos específicos não parece a
avaliação mais justa. Nem sempre tivemos Romário e Ronaldo em nosso ataque.
Inclusive, a rigor, só reunimos dupla Ro-Ro em 1997. E o próprio Rivaldo,
coadjuvante de luxo à época ainda não havia se firmado com a camisa amarela.
Isso faz lembrar o período que se seguiu ao fim da geração de Zico, Falcão
& Cia quando as pessoas viam um jovem Bebeto como prova definitiva da
decadência do futebol brasileiro.
Constatar as questões
acima de modo algum quer dizer que o futebol brasileiro vive um mar de rosas ou
que os profissionais da área não precisam se mexer. Temos muito que repensar em
diversas áreas e o massacre no Mundial deveria ser um marco dessa conclusão.
Contudo, discursos preguiçosos ou apocalípticos contribuem pouco para esse
debate. Ou quem sabe, apenas façam parte do que deveríamos ter sepultado em 8
de julho de 2014.
Imagem: Agência Getty
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