segunda-feira, 23 de junho de 2014

Ninguém disse que seria fácil


Antes do início da Copa, o técnico Luiz Felipe Scolari e o coordenador Carlos Alberto Parreira foram taxativos ao colocar o Brasil como candidato ao título mundial. Naquele momento, eles sabiam que era importante deixar claro para todos, jogadores inclusos, que a Seleção Brasileira tinha essa meta e que seria capaz de alcançá-la. Obviamente, ali estava uma declaração que era muito mais a marcação de uma posição do que uma bravata. Contudo, faltou dizer que não seria fácil.

Durante o primeiro tempo da partida contra Camarões, a equipe de Felipão apresentou o velho problema que a acompanha desde a Copa das Confederações: Sem a presença de armadores natos, o time resumia grande parte de seu repertório aos lançamentos longos dos zagueiros para Hulk e Neymar. O meio-campo inexistia na fase ofensiva, salvo por momentos em que Oscar recuperava a bola e tentava acionar os companheiros de frente. Paulinho, muito mais um volante de infiltração do que meia, pouco se apresentava para fazer com que a transição acontecesse de forma mais “limpa”.

A insistência do técnico com o jogador do Tottenham baseava-se na confiança no trabalho realizado há um ano, quando Paulinho foi um dos destaques da conquista intercontinental. Retirá-lo na primeira ou segunda partida significaria queimar um nome que foi muito útil no passado e que poderia sê-lo no futuro. Sendo assim, todas as chances foram dadas, mas Paulinho não correspondeu. Agora chegou a vez de Fernandinho. Mais rápido, mais passador e com boa finalização de fora da área, o volante do Manchester City fez em 45 minutos o que o companheiro não havia conseguido até então. Dentro de uma normalidade, será titular diante do Chile.

Sofrimento à parte, a classificação brasileira se deu em primeiro lugar como era esperado. E dentro das características das seleções do grupo B, o Chile é o adversário que mais se encaixa nas virtudes do Brasil. A Holanda, ao contrário, manteria sua atual estratégia de se postar na defesa e explorar os avanços de Robben nas costas dos instáveis Daniel Alves e Marcelo. Sem dúvida, um perigo maior. Por sua vez, o Chile sai mais para o jogo, tem uma defesa que sofre quando pressionada e, sobretudo, apresenta fragilidade nas jogadas aéreas.

No entanto, coletivamente, ninguém está jogando mais do que a equipe comandada pelo argentino Jorge Sampaoli. Para a desconfiança de alguns – o colunista entre eles – Scolari chegou a dizer que o rival sul-americano era aquele que mais o preocupava dentre as combinações de oitavas de final. Se for verdade ou apenas jogo de cena para esconder a preferência por um oponente mais abordável, não se sabe. De qualquer modo, Felipão nunca disse que seria fácil.

Coluna escrita originalmente para o site Doentes por Futebol.
Imagem: Reuters

2 comentários:

Alexandre Rodrigues Alves disse...

Gostei também muito do time da França, com um ótimo toque de bola, ofensividade e até um bom trabalho defensivo, mesmo com algumas peças meio suspeitas por lá (Sakho e Koscielny principalmente).Achei o time de Deschamps mais completo que o Chile e mesmo que a Holanda, que me convenceu mais justamente na partida contra os chilenos, onde foi mais completa em campo tanto no ataque quanto principalmente na defesa.

Porém, acho que os holandeses correm certo risco contra os mexicanos, que jogam sem muita responsabilidade e terão maciço apoio da torcida. São favoritos e Robben obviamente vem jogando muito, mas é um jogo complicado.

Sobre Brasil x Chile é isso; por mais que os chilenos tenham bom toque de bola e ofensividade, é o melhor advesário para o time de Felipão, que pode aproveitar a debilidade defensiva do time de Sampaoli. Sem dúvida que Paulinho vem mal e Fernandinho entrou bem, mas é bom lembrar que ele entrou em um jogo contra um time eliminado, com o Brasil ganhando. Mas pela temporada e pelo momento é justo que a troca seja feita. Porém o time brasileiro ainda não consegue reter a bola de uma maneira a evitar certos sustos. Avançando isso pode ser mais necessário ainda.

Michel Costa disse...

Também gosto do time francês, Alexandre. Sobretudo do meio-campo, forte e capaz de municiar os atacantes. Pelo andar da carruagem, o lado brasileiro ficará mais forte do que o oposto que deve terá Argentina e Holanda como forças de maior destaque.

Sobre Brasil x Chile, acredito que o favoritismo da Seleção é bem diferente do que ocorreu em 2010. Ou seja, o Brasil é favorito, mas não será nenhuma zebra se der Chile. Para evitar isso, a primeira providência de Felipão deve ser escalar Fernandinho que mesmo que não altere drasticamente o que o Brasil vem jogando, pelo menos dará mais opções de passe no meio.

Abraço.