domingo, 26 de janeiro de 2014

Contagem Regressiva: Janeiro de 2014

Para um fanático por futebol, a Copa do Mundo é muito mais do que um evento esportivo. É um período para se tirar férias do trabalho e só sair de casa para tratar de assuntos estritamente necessários. São semanas mágicas, onde um jogador consegue deixar o mundo mortal para fazer parte do panteão dos Deuses da Bola e, de quebra, transformar um país inteiro numa grande festa. É uma época para se rir, chorar, se emocionar. Um momento que será guardado para sempre em nossos corações...
Cuidado com os santos de barro
Quando Neymar saiu de campo amparado por dois membros do corpo médico do Barcelona ainda no primeiro tempo da partida contra o Getafe, temeu-se pelo pior. Principal atacante da Seleção Brasileira, Neymar é a maior esperança de título no Mundial e, caso a lesão fosse séria, o técnico Luiz Felipe Scolari teria sérios problemas para escalar sua linha de frente na Copa. Felizmente, as notícias vindas da Catalunha informam que Neymar ficará de molho por cerca de um mês, sem riscos de desfalcar o Brasil. Aliás, no atual momento, a maior preocupação do jogador e de seu staff são as denúncias envolvendo os valores de sua transferência do Santos para o Barcelona. Imbróglio este que culminou com a renúncia do presidente barcelonistaSandro Rosell.
Bem mais grave foi a lesão sofrida pelo centroavante Radamel Falcao García em duelo do Monaco contra o pequeno Chasselay pela Copa da França. Após uma forte entrada do defensor Sonner Ertek, o colombiano teve rompimento dos ligamentos de seu joelho esquerdo. Operado, a chance de vermos o avançado em ação na Copa do Mundo são hoje de 50%. Menos conhecido do grande público, o costarriquenho Bryan Oviedo, volante do Everton, fraturou tíbia e fíbula em um lance casual pela Copa da Inglaterra. Lamentavelmente, suas chances de estar em campo no meio do ano são quase nulas. Com isso, Oviedo se junta ao inglês Theo Walcott e o australiano Robbie Kruse como ausências no Mundial 2014.
Restam menos de cinco meses para o início do torneio. E, quanto mais próxima estiver a Copa, menor o tempo de recuperação para os atletas. Jogadores com histórico de lesões como o atacante Fred serão observados de perto por torcedores, imprensa e, sobretudo, pelas equipes médicas das seleções. Todo o cuidado é pouco.          
De olho na Copa
O encontro de Dilma Rousseff com o presidente da FIFA, Joseph Blatter, em Zurique é o sinal de que as coisas não andam bem nas obras inacabadas dos estádios para a Copa do Mundo. A reunião em território suíço ocorreu apenas dois dias depois do dirigente ameaçar excluir a cidade de Curitiba como uma das sedes do Mundial devido aos atrasos na entrega da Arena da Baixada. "Os estádios são obras relativamente simples. O governo fará todo empenho para fazer a Copa das Copas, isso inclui estádios, aeroportos, portos, tudo o que for necessário para que o país receba todos aqueles que vão nos visitar", afirmou a presidenta do Brasil, numa visita oficialmente tratada como de cortesia. Por sua vez, Blatter mudou o tom anterior e disse ter confiança de que "O Brasil vai organizar uma grande Copa do Mundo”.
Paralelamente, a realidade se mostra mais preocupante. Culpando a prefeitura de Curitiba e o governo do estado do Paraná pelo atraso na entrega da Arena da Baixada, o presidente do Atlético Paranaense, Mario Celso Petraglia, alega o descumprimento do tríplice acordo que liberaria os recursos para a conclusão da obra. Em São Paulo, a Arena Corinthians, sede da abertura da Copa, teve o prazo máximo de entrega estipulado para 15 de abril e terá eventos-teste em três situações diferentes de público antes de sua liberação final. Segundo o ex-presidente do clube paulista, Andrés Sanches, o estágio atual das obras em Itaquera é de 97%.   
Confira o andamento das obras para o Mundial de 2014:         
Obras concluídas: Belo Horizonte, Brasília, Ceará, Natal, Recife, Rio de Janeiro e Salvador;
Situação preocupante: Manaus e Porto Alegre.
Situação alarmante: Cuiabá, Curitiba e São Paulo.
Imagens: AFP, PR

sábado, 18 de janeiro de 2014

Tempo perdido

Duas semanas. Parece absurdo, mas esse é o tempo que as principais equipes do futebol brasileiro tiveram de preparação para o início da temporada 2014. Não por acaso, muitas irão começar a disputa dos campeonatos estaduais com times alternativos atuando em campos bizarros – ao lado, o estado do gramado do Estádio de Moça Bonita – enquanto os grupos principais treinam da melhor forma possível dentro de nossa realidade esdrúxula. No mundo ideal, planeta distante e desconhecido da cartolagem local, os mesmos times deveriam treinar por pelo menos um mês, completar a pré-temporada com amistosos para só então iniciar a temporada de fato. Ligas importantes do mundo inteiro funcionam assim e vão muito bem, por sinal.
Em suas entrevistas coletivas, os quatro técnicos dos maiores clubes de São Paulo não fugiram do tema. Nenhum deles considera suficiente o tempo destinado à pré-temporada e disseram que isso compromete a qualidade do que veremos ao longo do ano. Estreando uma coluna na versão brasileira do site da BBC, o jornalista inglês Tim Vickery reafirmou sua opinião de que os Estaduais deveriam acabar, pois, no atual momento, servem apenas para manter acesa uma chama histórica que não se justifica mais. E ele tem razão.
Muitos temem que o fim dos Estaduais representaria também o fim dos pequenos clubes que tanto contribuem para a grandeza do futebol brasileiro. Entretanto, é justamente o contrário. Grande parte dos times menores não tem atividades após o encerramento de suas etapas regionais. Para muitos atletas, quase todos mal remunerados, o ano termina em sua metade. Não há nem ao menos a chance de atuar durante toda a temporada regular. Uma triste realidade que CBF e federações ignoram quando pensam no calendário.
Bem mais significativo do que a sempre proposta redução de datas dos Estaduais seria a retirada dos grandes clubes deles e transformação dos mesmos em campeonatos regionais extensos que preenchessem todo o calendário dos times menores. Uma iniciativa que iria ao encontro das reivindicações do movimento Bom Senso FC, como uma proposta de um futebol melhor para todos. Ou, pelo menos, melhor para quem realmente se preocupa com ele.
Imagem: CBN

sábado, 11 de janeiro de 2014

Feliz 2014, futebol brasileiro

O ano de 2014 começou quente no futebol brasileiro. Oficialmente, a bola ainda não rolou nos campeonatos estaduais, porém, assunto é o que não falta. Começando pela disputa judicial envolvendo Fluminense, Portuguesa, Flamengo e CBF que ainda reserva muitos capítulos. Caso o tricolor carioca permaneça na primeira divisão, será uma derrota do futebol dentro de campo para o legalismo. Se Portuguesa e Flamengo recuperem os pontos perdidos, ficará a impressão que o regulamento foi descumprido, mas que a justiça prevaleceu. Todavia, se a CBF decidir “salomonicamente” por manter todos os times na Série A, criando algum monstrengo que reúna 24 clubes, teremos um retrocesso de dez anos de conquistas esportivas. Independente do resultado final, o futebol brasileiro já perdeu.
Auspiciosas estão sendo as movimentações dos clubes nesta janela de contratações. A maior preocupação vem sendo o enxugamento das folhas salariais e as contratações desmedidas que na maioria das vezes davam pouco resultado estão mais escassas. Outro ponto positivo é a ascensão de técnicos jovens como Enderson Moreira, agora no Grêmio, e Dado Cavalcanti que assumiu o Coritiba. Quem sabe, um sopro de renovação e modernidade num mercado de profissionais que, salvo raras exceções, há tempos dá sinais de estagnação.
Paralelamente, o Bom Senso FC surge como um alento. Ainda mais do que a Copa do Mundo. Todavia, que não se espere desse grupo um envolvimento com tudo. O movimento liderado por Paulo André & Cia. tem pautas bem definidas e, caso não se restrinja a elas, correrá o risco de mirar em tudo e não acertar em nada. Algo parecido com o que houve nas manifestações populares de 2013, onde havia muita revolta e pouco foco. A boa notícia é que o Bom Senso sabe o que deseja e parece firme diante das bravatas que vem recebendo como resposta.  
O ano de 2014 promete.

Foto: Rodrigo Gazzanel/Futura Press/Folhapress