domingo, 30 de junho de 2013

Porque ganhar faz bem

Nos últimos dias não foram poucas as vezes em que foi dito que mais importante do que vencer a Copa das Confederações era que a Seleção Brasileira jogasse bem contra a Espanha. Concomitantemente, também foi dito que vencer o torneio poderia significar o retorno da soberba tão prejudicial noutras ocasiões. Pois o Brasil ganhou e jogou bem. Venceu os atuais campeões mundiais com autoridade e mostrou ao mundo que os donos da casa estão na lista de favoritos para o título em 2014.
Contudo, ainda há um longo caminho a ser percorrido até a Copa do Mundo. Algumas questões como a saída de bola seguem preocupantes e até mesmo a pressão no campo de ataque muitas vezes se mostra descoordenada e faltosa. Porém, nada que bons períodos de treinamento não possam corrigir. E, a julgar pela entrevista pós-jogo, o experiente técnico Luiz Felipe Scolari sabe bem que a competição que realmente importa só será disputada no próximo ano.
Mais relevante do que a conquista da Copa das Confederações é a mensagem passada aos rivais dizendo que a Seleção será um adversário duro a ser batido. O resgate do orgulho de um time que parecia totalmente desacreditado quando o “ultrapassado” Felipão assumiu. Orgulho que trouxe de volta uma torcida que andava afastada e ressabiada. Uma torcida que cantou o hino nacional a plenos pulmões e jogou junto durante as partidas. Afinal, brasileiro gosta de vencer. E esta Seleção mostrou que é capaz disso.
Imagem: EFE

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Clássico é clássico

Particularmente, sou contra análises do tipo “evoluiu, involuiu” a cada partida da Seleção Brasileira nessa nova era Scolari. As coisas não funcionam dessa maneira. Cada jogo e cada adversário reservam níveis diferentes de dificuldades e, ao suplantá-los, parece evidente que o Brasil está se moldando como time. Contra o Japão, um rival que havia chegado ao País há pouco tempo, uma partida mais tranquila. Diante do México, o velho problema de ter um oponente que sabe enfrentar a Seleção. Na terceira rodada, uma Itália que, apesar de desfigurada, foi capaz de fazer frente e testar verdadeiramente o sistema defensivo verde-amarelo. Três partidas, três histórias.
Desta vez não foi diferente. Astuto como sempre, o técnico uruguaio Óscar Tabárez sabia que precisava conter o ímpeto ofensivo que o Brasil costuma mostrar, sobretudo na primeira metade do primeiro tempo, pois só assim poderia chegar à vitória. Para tanto, recuou sua defesa e seus volantes para reduzir os espaços que os brasileiros poderiam usar para tabelas ou jogadas em profundidade e deixou seu trio ofensivo formado por Forlán, Suárez e Cavani tentando marcar a saída de bola. Não por acaso, diante de apenas três marcadores e um meio-campo mais recuado, não foi um problema para o Brasil fazer com que a bola passasse para o campo de ataque. Todavia, diante de uma Celeste tão trancada, foi um problema acionar os atacantes em situação de marcar.
Se essa foi a breve análise tática, é preciso dizer que Brasil x Uruguai foi bem mais do que isso. Foi um autêntico clássico, dos mais disputados, como manda a tradição. Após um início complicado, diferente dos jogos anteriores, o Brasil só entrou definitivamente na partida após o pênalti defendido por Júlio César. Mesmo assim, só conseguiu abrir o placar após um milimétrico lançamento de Paulinho que encontrou Neymar na área no lance que acabou resultando no rebote que Fred, como sempre, estava presente para concluir em gol.
Em desvantagem, os uruguaios voltaram para o segundo tempo dispostos a empatar e adiantaram suas linhas. Num momento de pressão, a bola não foi rebatida por Thiago Silva que preferiu sair jogando com Marcelo e viu Cavani se antecipar ao lateral para deixar tudo igual. Ouvindo a voz do Mineirão, mas muito mais o que viu nos treinamentos, Felipão lançou o dinâmico Bernard no lugar de um apagado Hulk e viu o garoto mudar a cara do jogo a favor do Brasil. Hernanes, na vaga do oscilante Oscar, também foi uma bola dentro do técnico que viu sua equipe chegar ao gol da vitória num momento em que se encontrava melhor técnica, tática e, sobretudo, fisicamente em relação ao Uruguai.
Mais do que uma partida ruim da Seleção Brasileira, a semifinal desta Copa das Confederações foi uma partida dura. Somente passando por esse tipo de situação que um grande time se forma. Existem problemas e, baseado nas entrevistas de Felipão, está claro que o técnico percebe isso. Disputar a final deste torneio é prova de que existe evolução desde que o treinador assumiu. Mas o produto final desta Seleção só será visto na Copa do Mundo.
Imagem: Getty Images

domingo, 23 de junho de 2013

Brasil mostra a sua cara

Após dez partidas – apenas oito com o time titular – Luiz Felipe Scolari conseguiu dar à Seleção Brasileira o esboço do estilo que pretende adotar até a Copa do Mundo. No curto espaço de tempo compreendido entre a derrota para a Inglaterra em Wembley, no mês de fevereiro, até a vitória sobre a Itália na Fonte Nova, muita coisa mudou. A começar pela defesa, bem mais sólida do que na era Mano Menezes, concedendo menos oportunidades aos adversários, até chegar ao setor ofensivo, onde os gols estão surgindo de variadas formas.
Se Júlio César havia perdido espaço para Diego Alves sob a meta, os nomes da primeira linha são exatamente os mesmos com os quais Mano contava. O que mudou, basicamente, foi a presença de um primeiro volante capaz de oferecer mais proteção à defesa. O que, no caso de Luiz Gustavo, também significa a boa notícia de ter um passe rápido numa saída de bola que ainda não apresenta a eficiência necessária.
O maior dilema da equipe reside na função exercida pelo segundo volante, hoje Paulinho. Embora seja bom jogador, o corintiano não tem como característica armar o time por trás. Seu maior trunfo é a chegada à área adversária para concluir ou servir algum companheiro. Por sua vez, Hernanes é muito mais um meia do que um volante. Seu forte são os dribles e fintas seguidos de chutes de média distância. Tem um passe longo melhor do que o de Paulinho, mas não marca tão bem. Como escrito anteriormente neste espaço, a recuo de Oscar para ajudar na saída de bola pode ser a chave para o onze titular seguir o mesmo e se aperfeiçoar ainda mais.
No campo ofensivo, não é fácil entender as críticas feitas a Hulk. Bastante combativo, rápido e perigosíssimo nos chutes, o paraibano tem feito por merecer seu espaço entre os titulares, sem que Lucas – que não aproveitou bem as chances que teve – ofereça a sombra que justifique sua barração. No comando do ataque, Fred vem comprovando com gols por que Felipão tem optado por um centroavante clássico em vez de adotar a mesma formação de seu antecessor sem um homem fixo à frente.
Por fim, Neymar, craque do time e confirmando a cada partida a razão de ser a maior esperança brasileira tanto nesta Copa das Confederações quanto no Mundial. Criticado antes do torneio por suas atuações abaixo de seu potencial em 2013, o novo atacante do Barcelona vem conseguindo unir fantasia a uma veia goleadora que o fez ser eleito o melhor jogador das três partidas que disputou até o momento. Partidas que mostraram uma Seleção mais pronta e confiante em campo, com uma “cara” de time que, mesmo sem encantar, já se mostra competitivo.
Imagem: Vipcomm

quarta-feira, 19 de junho de 2013

No grupo da morte, Brasil e Itália sobrevivem

Fosse a Copa das Confederações a Copa de 2014, certamente o agrupamento formado por Brasil, Itália, México e Japão seria chamado de grupo da morte. Dois campeões mundiais, duas forças emergentes e temos um cenário perfeito para um épico do futebol. Fazendo valer o fator casa, a Seleção Brasileira garantiu a classificação para as semifinais após vencer Japão e México mesmo sem se apresentar de forma convincente. Por sua vez, a Azzurra, que havia controlado bem o jogo contra a seleção mexicana, sentiu o forte calor do Recife e só não perdeu para o Japão porque havia uma trave no meio do caminho.
Embora tenha conseguido realizar a saída de bola de maneira mais rápida em alguns momentos da partida contra o México, a Seleção continua se ressentindo da falta de alguém capaz de armar o jogo e fazer com que o time conserve a posse de bola. Posse que terminou sendo maior para o Brasil, embora tenha sido revertida no momento em que David Luiz saiu para ser atendido por conta de um sangramento resultante de uma fratura no nariz. Oscar era a esperança no intuito de dominar o meio-campo, mas, diante da marcação mexicana e de seu esgotamento físico, o jogador do Chelsea desapareceu na partida de hoje. A marcação do lado esquerdo, fundamentalmente com Marcelo, também se mostrou falha em alguns momentos e Fred continua muito isolado de seus companheiros. O ponto positivo foi a estupenda partida de Neymar, autor de um belo gol e uma manobra fantástica no lance que resultou na assistência para o gol de Jô. A se destacar ainda, a resiliência da defesa que mesmo pressionada não permitiu ser vazada no torneio.
No Recife, Itália e Japão fizeram o duelo mais movimentado da Copa das Confederações até aqui. Recuperados da derrota para o Brasil, os japoneses entraram em campo dispostos a apagar a péssima imagem deixada na estreia. Conseguiram mais do que isso ao protagonizarem um verdadeiro jogaço com direito a sete gols e uma virada italiana que parecia impossível. Contudo, a classificação ficou com os atuais vice-campeões europeus que, apesar de sofrerem demasiadamente com o calor da capital pernambucana, conseguiram reunir forças para buscar o 4 a 3. E se os italianos acharam a noite do Recife quente, mal sabem o que os espera na tarde de sábado em Salvador diante do Brasil. Ao que tudo indica, o calor pode ser um fator determinante para os selecionados europeus tanto nesta competição quanto no próximo Mundial, sobretudo por suceder a temporada no Velho Continente.
Imagem: Efe

sábado, 15 de junho de 2013

O melhor da estreia foi o placar

Brasil 3x0 Japão não foi um grande jogo. Normalmente, estreias costumam se configurar em partidas nervosas onde a vitória quase sempre é mais valiosa do que a performance. Desta vez não foi diferente. O gol de Neymar logo aos 3 minutos deu a tranquilidade que os comandados de Felipão precisavam para controlar o jogo e acalmou a torcida que poderia se alterar caso o placar demorasse muito a ser inaugurado.
Mesmo assim, a equipe continua mostrando a mesma lentidão na transição entre a defesa e o meio campo, muito pela ausência de um armador que possa distribuir a bola a partir da intermediária defensiva como fazem Pirlo na Itália e Xabi Alonso na Espanha, por exemplo. Embora sejam bons jogadores, Luiz Gustavo e Paulinho não têm esse perfil. Enquanto o volante do Bayern opta mais pelo passe simples, mesmo que vertical, o corintiano é, por natureza, um volante de infiltração. Sua maior qualidade é surgir nos arredores da área adversária para concluir a jogada. Uma possível solução poderia ser o recuo de Oscar para a função de volante, por vezes, invertendo com Paulinho. Mesmo atuando bem como winger, o meia do Chelsea não rende tudo o que pode nas faixas laterais.
Todavia, a situação mais preocupante se encontra a lateral direita. Daniel Alves tomou decisões equivocadas na maior parte do jogo, desperdiçando bolas e abusando de cruzamentos da intermediária que só encontravam os defensores japoneses. Como a única alternativa para a posição é o improvisado Jean, é bom que Scolari oriente melhor o barcelonista caso não queira complicações contra rivais superiores. Outra questão a se observar é a insistência em passes longos que não têm funcionado se planeja. Reflexos, talvez, da obrigação de dar um destino à bola quando a saída é deficitária.
De positivo, a quebra do jejum de nove jogos em que Neymar não marcava gols, algo que, apesar das negativas, claramente incomodava o camisa 10. A boa participação de Hulk que mesmo sistematicamente vaiado não se abala e continua auxiliando a equipe e, lógico, a vitória. Largar na frente dá tranquilidade para enfrentar o México na segunda rodada e deixa a classificação um pouco mais próxima. E isso, para num time em construção, com certeza é uma boa notícia.
Imagem: Reuters

domingo, 9 de junho de 2013

A primeira vitória a gente nunca esquece

14 de novembro de 2009. Nessa data, a Seleção Brasileira venceu a Inglaterra por 1 a 0 na última vitória brasileira sobre um adversário renomado até o dia de hoje. Nesse ínterim, a Seleção de Dunga, que vinha bem, evitou rivais mais poderosos até cair diante da Holanda no Mundial de 2010. Em seguida, sob o comando de Mano Menezes, o Brasil não obteve nenhum sucesso diante de adversários de melhor nível, algo que fez muitos suspeitarem de que o problema maior fosse a atual safra de jogadores. Pelo visto, o técnico Luiz Felipe Scolari não concorda com isso. E na nova Arena do Grêmio mostrou por quê.
A Seleção que bateu a França por 3 a 0 vem mostrando evolução gradual. A marcação mais adiantada sem oferecer tantos espaços às costas da defesa, a proteção na frente da área, a compactação da equipe, há sinais de que tudo isso está mudando. E para melhor. Isso é resultado dos treinamentos das últimas semanas e de que os atletas estão assimilando o que Felipão está pedindo. A se melhorar, o acerto na cobertura, a redução no índice de passes errados e a transição da defesa para o ataque que muitas vezes é feita por meio de lançamentos longos que quase sempre não resultam em nada.
Ao que tudo indica, a equipe que estreará diante do Japão na Copa das Confederações será a mesma que começou a partida hoje. Marcelo, ainda buscando sua melhor forma física, parece ter recuperado a titularidade na lateral esquerda, Luiz Gustavo deve jogar ao lado de Paulinho no meio-campo e Hulk estará presente no ataque com Neymar e Fred. Time escalado, mas que ainda não está pronto. Embora tenha dado mais uma demonstração de ter encontrado seu caminho.
Crédito da Imagem: Wesley Santos/ ARENAPOA

domingo, 2 de junho de 2013

Seleção melhora, mas ainda repete defeitos

Em sua melhor apresentação sob o comando de Luiz Felipe Scolari nesta passagem, a Seleção Brasileira empatou em 2 a 2 com a Inglaterra no novo estádio Maracanã. Mais importante do que o placar foram as diversas chances criadas pelo Brasil, sobretudo no primeiro tempo, quando atuou numa formação que agradou bastante ao técnico. Nesse esquema, o zagueiro David Luiz teve alguma liberdade para sair para o jogo e arriscar lançamentos enquanto o volante Luiz Gustavo guardava posição na defesa e Paulinho se posicionava como centro-campista. Em certos momentos, algo próximo do 3-5-2 (ao lado) que marcou época no Mundial da Ásia.
Todavia, os problemas na proteção à defesa ressurgiram na segunda etapa quando a Seleção partiu em busca do ataque com Hernanes no lugar de Luiz Gustavo e Lucas no posto de Oscar. Se o time ficou mais ofensivo com as alterações, também ficou mais vulnerável. Ao que tudo indica, a julgar pela entrevista pós-jogo, Felipão deve manter a equipe que iniciou a partida com Filipe Luís na lateral esquerda, Luiz Gustavo no meio e Hulk no ataque. Indubitavelmente, uma escalação que deu mais solidez ao Brasil.
Na frente, registre-se o bom primeiro período de Neymar, caindo pelos lados do campo, se aproximando de Fred e finalizando sempre (até demonstrando egoísmo em certos momentos, diga-se). Quanto ao citado centroavante, mais uma vez ficou evidente por que o jogador do Fluminense merece estar entre os onze. Além de seu notável senso de colocação dentro da área, Fred ainda contribui com a defesa em lances de bola parada graças a sua altura e impulsão. Se não é um atacante da estirpe de Romário e Ronaldo, Fred compensa isso com gols e mais gols. Titularíssimo!
Por outro lado, o estágio atual de Daniel Alves preocupa. Irregular no Barcelona, o lateral direito se mostrou confuso em diversos lances e errou passes em situações perigosas, mais ou menos como Marcelo no flanco oposto quando entrou no segundo tempo. Contudo, se Marcelo já possui a sombra de Filipe Luís na esquerda, o mesmo não pode ser dito do improvisado Jean na direita. Outra questão a se pensar é a irregularidade de Hulk que ainda não se encontrou com a camisa amarela. Lucas, autor do cruzamento que resultou no gol de empate de Paulinho, tem tudo para se encaixar naquela posição oferecendo um futebol mais fluído e coletivo do que o atacante do Zenit, definidor por natureza, pode ofertar. No próximo domingo, diante da França, saberemos se as conclusões de Felipão foram as mesmas.
Imagem: Reuters