Para um fanático por futebol, Copa do Mundo é muito mais do que um evento esportivo. É um período para se tirar férias do trabalho e só sair de casa para tratar de assuntos estritamente necessários. São semanas mágicas, onde um jogador consegue deixar o mundo mortal para fazer parte do panteão dos Deuses da Bola e, de quebra, transformar um país inteiro numa grande festa. É uma época para se rir, chorar, se emocionar. Enfim, é um momento que será guardado para sempre em nossos corações...
Mudança de postura
Perguntado na coletiva de imprensa após sua primeira convocação se a ausência de um volante mais marcador significava sua evolução como treinador, Luiz Felipe Scolari foi direto: “É a evolução do futebol.” Ao contrário do que muitos imaginavam, a lista divulgada no último dia 22 visando o amistoso contra a Inglaterra não indicou alterações drásticas na filosofia assumida pelo antecessor Mano Menezes. A diferença maior está na postura dos comandantes. Enquanto Mano sempre se mostrava resignado, monocórdio, repetindo que o Brasil não tinha protagonistas no futebol mundial, Felipão optou por afirmar que a Seleção Brasileira estará entre os favoritos quando chegar a hora e que o time tem a obrigação de ser campeão. Pode parecer retórica, contudo, essa nova postura é mais do que bem-vinda para um selecionado que nunca pode se eximir de ter ambição.
O sistema tático, provavelmente, seguirá o mesmo 4-2-3-1 que vinha sendo utilizado. Os volantes, todos dotados de bom trato com a bola, sabem sair jogando e chegar ao ataque. Dentro de campo, a mudança mais notável é a possível entrada de um centroavante mais fixo com o deslocamento de Neymar para uma função que lhe dará mais obrigações defensivas.
As principais surpresas foram as convocações do zagueiro Dante e do lateral esquerdo Filipe Luís, além dos retornos do goleiro Júlio César e do meia-atacante Ronaldinho Gaúcho. Com as ausências dos lesionados Thiago Silva e Marcelo, ainda não é possível visualizar com exatidão qual será a defesa brasileira no próximo dia 6, mas este colunista arrisca uma projeção baseada na trajetória de Felipão e nas poucas informações dadas até agora. Na meta, como não faria muito sentido deixar um arqueiro tão experiente no banco, Júlio César deve iniciar a partida. Na lateral direita, Daniel Alves certamente vestirá a camisa 2. A zaga central terá o titular David Luiz e, talvez para aproveitar o entrosamento do clube, Miranda e Filipe Luís do lado esquerdo.
No meio campo, confirmando a dupla de volantes que vinha atuando, Paulinho e Ramires devem continuar entre os onze. Compondo a linha de três, Hulk pelo lado direito, Ronaldinho – barrando Oscar – centralizando e como referência em lances de bola parada e o indiscutível Neymar pela esquerda. Na posição de centroavante, Fred, mais jovem do que Luis Fabiano e artilheiro do último Brasileirão, sai na frente. Logicamente, existem outras formações possíveis, mas em todas elas a impressão de que Felipão optou por uma equipe mais leve e mais indicada para as demandas do futebol atual. Ponto para ele.
Confira abaixo os 20 convocados:
Goleiros: Diego Alves (Valencia) e Júlio César (Queen’s Park Rangers);
Zagueiros: Dante (Bayern de Munique), David Luiz (Chelsea), Leandro Castán (Roma) e Miranda (Atlético de Madri);
Laterais: Adriano (Barcelona), Daniel Alves (Barcelona) e Filipe Luís (Atlético de Madri);
Volantes: Arouca (Santos), Paulinho (Corinthians) e Ramires (Chelsea);
Meias: Hernanes (Lazio), Oscar (Chelsea) e Ronaldinho (Atlético Mineiro);
Atacantes: Fred (Fluminense), Hulk (Zenit), Lucas (Paris Saint-Germain), Luis Fabiano (São Paulo) e Neymar (Santos).
Os rivais
O ano de 2013 será repleto de desafios para a Seleção Brasileira. Além do amistoso em Wembley no próximo dia 6 e da Copa das Confederações, o Brasil enfrentará a Itália em 21 de março e a Rússia quatro dias depois. Antes da competição oficial da FIFA, haverá dois compromissos em junho diante de França e Inglaterra. No segundo semestre, será a vez da Alemanha, provavelmente em agosto. Sem dúvida, uma sequência pesada que proporcionará à Seleção enfrentar quase todos os campeões mundiais antes da Copa de 2014. Tal iniciativa pode não ser a ideal, porém, se torna explicável diante da necessidade de afirmação da equipe.
Sub-20
O vexame do mês ficou por conta da eliminação da Seleção Brasileira sub-20 ainda na primeira fase do sul-americano da categoria. Muito se comentou sobre o desarranjo técnico e tático da equipe comandada por Émerson Ávila, sobre a falta de união e empenho do grupo, mas o que mais chama a atenção nesse fracasso foi a maneira como a própria CBF vem tratando suas categorias inferiores. Como alerta o site especializado Olheiros, o trabalho de base vem sendo deixado de lado desde a saída do técnico Ney Franco para o São Paulo em julho do ano passado. Para piorar, a confirmação de Bebeto para o cargo de coordenador das divisões de base do Brasil mostra o nível de amadorismo de José Maria Marin e sua trupe. Até onde se sabe, o ex-jogador não tem a experiência necessária para a função, o que configura mais uma indicação política da cartolagem cebeefeana.
De olho na Copa
Há 500 dias para a Copa do Mundo, apenas a Arena Castelão e o Mineirão estão prontos para receber partidas oficiais. Os atrasos nas obras das demais sedes já começam a preocupar a cúpula da FIFA e, em visita ao Brasil, o secretário-geral Jerome Valcke declarou que os prazos se encontram no limite. Ainda em janeiro, o governo estadual do Rio de Janeiro informou que o Maracanã só será entregue no dia 28 de maio quando restarão apenas 19 dias para o início da Copa das Confederações.
Confira abaixo o andamento dessas obras:
Obras concluídas: Belo Horizonte e Ceará;
Dentro do previsto: Brasília e Salvador;
Apresentando atrasos: Cuiabá, Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo;
Situação preocupante: Curitiba, Manaus, Natal e Recife.
Imagens: Estadão e AP