Para um fanático por futebol, Copa do Mundo é muito mais do que um evento esportivo. É um período para se tirar férias do trabalho e só sair de casa para tratar de assuntos estritamente necessários. São semanas mágicas, onde um jogador consegue deixar o mundo mortal para fazer parte do panteão dos Deuses da Bola e, de quebra, transformar um país inteiro numa grande festa. É uma época para se rir, chorar, se emocionar. Enfim, é um momento que será guardado para sempre em nossos corações...
As falácias de Mano.
Não resta dúvida de que o técnico da Seleção Brasileira, Mano Menezes, tem o dom da palavra. Seus discursos, sempre articulados, conseguem convencer a maioria das pessoas – incluindo a imprensa – a acreditar em seus argumentos sem grandes contestações. Nos últimos tempos, diante da desconfiança que cerca seu trabalho, Mano decidiu fazer uso de sua oratória para se fazer acreditar. Infelizmente, com observações que não estão próximas da verdade.
Para se defender da pouca ou nenhuma evolução de seu trabalho à frente do selecionado brasileiro, Mano citou que a preparação para o Mundial de 2002 aconteceu aos trancos e barrancos e mesmo assim o Brasil foi pentacampeão. Ora, em primeiro lugar, não é porque algo não foi conduzido de maneira correta, porém deu certo no final que as coisas devem caminhar sempre assim. A evolução do trabalho é necessária não só para convencer torcida e imprensa, mas para convencer os próprios jogadores de que as coisas estão funcionando bem.
Outro comentário frequente do ex-treinador do Corinthians é dizer que o futebol brasileiro não é o mesmo que se joga no resto do mundo. E está correto. Por aqui, conceitos como compactação e marcação por zona ainda não estão totalmente enraizados e os times locais dão mais espaço do que vemos nas principais ligas europeias. Todavia, não faz muito sentido usar esse problema como desculpa para a Seleção. Isto porque dos prováveis titulares do Brasil apenas três jogadores (Ganso, Neymar e Damião) atuam no país. E esse número ainda pode cair para dois, caso Mano opte por Hernanes na vaga de Ganso, para ficar num único exemplo.
O que o técnico nunca admitiu é que herdou de Dunga um time competitivo – que podia desagradar aos críticos brasileiros, mas teve chances reais de ser campeão na África do Sul – e não conseguiu manter o mesmo nível. Seguindo a sugestão pouco abalizada de Ricardo Teixeira, Mano Menezes descartou tudo o que aquela seleção havia conquistado e começou um time a partir de (quase) zero. Sem jogadores experientes, Mano vê seu trabalho estagnado e já se especula que o fato da Seleção não estar enfrentando grandes adversários é um pedido seu. “Ele se acovardou”, teria dito Andrés Sanchez, diretor de seleções da CBF, a pessoas próximas. Em outras palavras, o técnico que em seu discurso inicial deu a entender que o time de Dunga não representava o futebol que os brasileiros queriam ver, em dois anos não só perdeu o trabalho anterior como não constituiu um novo projeto baseado em seus conceitos. E isso explica seu medo de desafios maiores. Não por acaso, a possível troca de comando técnico após os Jogos de Londres pode partir do próprio Andrés.
Kaká e Ramires.
As semifinais da UEFA Champions League ajudaram a mostrar algo sobre as ausências de Kaká e Ramires das convocações da Seleção Brasileira em 2012. Preterido dos titulares do Real Madrid em momentos decisivos, Kaká só entrou no final do segundo tempo do duelo contra o Bayern no Santiago Bernabéu. Aparentando estar longe de sua melhor forma e sem ritmo, Kaká foi muito mal. Para piorar sua situação no clube, ainda perdeu um dos pênaltis na disputa que alijou os Merengues de mais uma final europeia.
Por outro lado, nada explica a ausência de Ramires. Peça fundamental do Chelsea na classificação diante do fortíssimo Barcelona participando de dois dos três gols dos Blues no confronto, o “queniano azul” mostrou que, atualmente, é um dos melhores meio-campistas brasileiros em atividade. A desculpa de Mano Menezes na última semana dizendo que já sabe do que Ramires é capaz é exatamente isso, uma desculpa. Quando um técnico considera um jogador realmente bom, nada mais lógico do que convocá-lo e mantê-lo no grupo.
Os rivais:
No dia 20 de julho em Middlesbrough, Brasil e Reino Unido realizarão um amistoso preparatório para os Jogos de Londres. A partida será a última das duas equipes antes das Olimpíadas e será de fundamental importância para o técnico Mano Menezes antes da competição, uma vez que esta versão da Seleção Olímpica do Brasil nunca entrou em campo.
Sobre essa questão, muitos jornalistas têm criticado a CBF pela ausência de jogos da seleção olímpica no período, mas é bom lembrar que simplesmente não existe um calendário sul-americano para a categoria sub-23 e que muitos dos atletas que irão compor o grupo que defenderá o Brasil em gramados britânicos fazem parte da equipe principal. Além disso, nem mesmo o argumento de que o vizinho Uruguai tem reunido seus jogadores locais para treinos deveria ser usado como crítica. Afinal, se por aqui já criticam as convocações para amistosos em datas FIFA, imagine a gritaria se a Seleção tirasse os jogadores de seus clubes imersos num calendário lotado apenas para treinar.
De olho na Copa:
Uma matéria assinada por Roberto Pereira dos Santos, do UOL, confirmou que o ex-presidente da FIFA, João Havelange, e o ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, receberam propina da extinta ISL entre 1989 e 1998. O escândalo foi revelado através de um relatório (ainda parcial) emitido pelo Parlamento Europeu. Havelange, 95, está internado no Hospital Samaritano no Rio Janeiro vítima de uma infecção no tornozelo direito, mas seu estado de saúde é estável. Teixeira, 64, mora em Miami desde que renunciou à presidência da CBF.
O presidente do Botafogo, Maurício Assumpção revelou na última sexta-feira que o Engenhão, estádio do clube, pode ser usado como “plano B” para a Copa das Confederações. Obviamente, isso significa que o consorcio responsável pela reforma do Maracanã pode não cumprir o prazo de entrega do estádio para a competição que se realizará em 2013.
Confira abaixo, o andamento das obras nas doze sedes:
Dentro do previsto: Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá, Fortaleza e Salvador;
Apresentando atrasos: Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo;
Situação preocupante: Curitiba, Manaus e Natal.
Imagens: EFE e AFP