domingo, 29 de janeiro de 2012

Top 10 - Dez perguntas para o futebol brasileiro em 2012.

Mais uma temporada do nosso futebol se inicia e com ela as infindáveis interrogações de sempre. Já que não é possível colocar todas neste espaço, separei as dez que julgo mais relevantes.
10º - Kléber e Dagoberto continuarão aprontando no Sul? Sem deixar muita saudade em São Paulo, os atacantes chegam, respectivamente, ao Grêmio e Internacional com status de craques e a missão de deixar o passado polêmico para trás.
9º - O Palmeiras seguirá como um barril de pólvora? Em 2011 aconteceu de tudo no alviverde. Quando tudo parecia perdido e a Segunda Divisão batia à porta, Felipão afastou Kléber e encontrou paz para escapar do abismo. Agora, o experiente treinador luta para ultrapassar os problemas internos e montar um time competitivo a partir de um elenco, no máximo, mediano.  
8º - Neymar se consolidará como o melhor jogador brasileiro? Que Neymar é o melhor jogador brasileiro em atividade, pouco se discute. Mas o santista será capaz de assumir de vez esse posto e conduzir a Seleção Brasileira a grandes vitórias?
7º - O futebol mineiro vai se recuperar? Definitivamente, o ano passado não foi bom para os times mineiros. O América voltou à Segundona, Atlético e Cruzeiro brigaram até o fim contra o rebaixamento e as receitas inferiores em relação aos rivais do eixo Rio-São Paulo preocupam quando se pensa em competitividade. 
6º - O Flamengo sairá de mais uma crise? Para variar, o rubro-negro está mergulhado em mais uma crise. Jogadores insatisfeitos com atrasos nos direitos de imagem, Luxemburgo perdendo o comando, conflitos nos bastidores somados ao fato de ser um ano de eleição no clube; tudo para manter as coisas em ebulição por um bom tempo. E qual a novidade?
5º - As obras para o Mundial de 2014 continuarão atrasadas? Jerome Valcke, Secretário-Geral da FIFA, avisou: “Só precisamos de oito sedes.” Mesmo assim, em muitas cidades as obras para a Copa do Mundo continuam atrasadas. Para muitos, tal atraso é calculado para que as obras sejam finalizadas na última hora desobrigando o poder público de realizar licitações. Preocupante.  
4º - As lições de Yokohama foram assimiladas? Não se trata de emular o Barcelona, mas perceber o quanto temos errado na formação dos nossos jogadores e em nossa filosofia de jogo. Em 2012, veremos se a derrota do Santos no Japão provocou algum tipo de reflexão em nossos treinadores.
3º - A “balança comercial” será favorável? Até algum tempo, a janela internacional de transferências era um pesadelo para os torcedores. Nossos melhores jogadores deixavam o País e a contrapartida quase sempre desapontava. No entanto, com a crise europeia e o aumento nas receitas dos clubes brasileiros, esse panorama mudou bastante.
2º - Um time brasileiro conquistará a Libertadores? A última edição da competição ficou marcada pelo título do Santos, mas também pela eliminação de quatro times brasileiros nas oitavas. Não resta dúvida que o poderio financeiro de nossos clubes é maior, mas isso será o suficiente?
1º - O futebol brasileiro finalmente ganhará a medalha de ouro? Em Londres, uma ótima geração de jogadores terá mais uma chance de conquistar uma inédita medalha de ouro para a Seleção Brasileira. Mais do que isso, uma conquista pode significar a permanência de Mano Menezes até a Copa do Mundo. Em caso de derrota, muita coisa pode mudar.
E então, leitor, acredita que tem as respostas? Fique à vontade para respondê-las.
Foto: EFE

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Question

O Question, em sua quinta edição, está de volta ao Além das Quatro Linhas e terá seu primeiro desafio publicado na próxima sexta-feira. Assim como na edição anterior, o primeiro acertador receberá três pontos e os outros acertadores receberão um ponto. Ao final de quinze semanas, será declarado vencedor aquele que somar mais pontos.
O primeiro critério de desempate é o maior número de “primeiro acerto”. O segundo critério é o último “primeiro acerto”. Novamente, os desafios terão como objeto fotos de jogadores ou treinadores do presente e do passado ou uma combinação de dicas que resultam num único nome. Aqueles que participaram das outras edições já sabem como funciona.
O primeiro colocado receberá em casa um livro, a sua escolha, com o tema futebol. Na primeira edição do Question, o vencedor foi o grande Rodolfo Moura que escolheu “As Melhores Seleções Estrangeiras de Todos os Tempos” de Mauro Beting. Na segunda temporada, o prêmio ficou com o indecifrável Yuri Barros, que escolheu “Vencer ou Morrer: Futebol, Geopolítica e Identidade Nacional” de Gilberto Agostino. Na terceira, foi a vez de Guilherme Siqueira escolher “Os 55 maiores jogos de Copa do Mundo” de Paulo Vinícius Coelho. Na última edição, o vencedor foi Victorino Netto que optou por “Jogo Sujo, o mundo secreto da FIFA” de Andrew Jennings.
Conto com a participação de vocês!

domingo, 22 de janeiro de 2012

Contagem Regressiva: Janeiro de 2012

Para um fanático por futebol, Copa do Mundo é muito mais do que um evento esportivo. É um período para se tirar férias do trabalho e só sair de casa para tratar de assuntos estritamente necessários. São semanas mágicas, onde um jogador consegue deixar o mundo mortal para fazer parte do panteão dos Deuses da Bola e, de quebra, transformar um país inteiro numa grande festa. É uma época para se rir, chorar, se emocionar. Enfim, é um momento que será guardado para sempre em nossos corações...
Maníaco-depressivos.
Esse é o termo usado pelo jornalista Tim Vickery para descrever o comportamento do torcedor brasileiro. “Somos um lixo/Projeto Tóquio” é outra expressão usada pelo inglês para explicar nossa atávica travessia entre os extremos. E eu iria mais longe, pois creio que esse comportamento também se estende ao nosso jornalismo esportivo, logicamente, com as devidas exceções.
A verdade é que todos temos, em maior ou menor grau, propensão a dramatizar situações que envolvam nossos times ou a Seleção. Neste momento, o Brasil vive, além da transição no comando técnico, uma entressafra de jogadores. Enquanto a geração composta por Ganso, Neymar e Lucas Moura não assume definitivamente o seu lugar, nomes como Adriano e Ronaldinho saem de cena de forma até melancólica, enquanto Júlio César, Maicon, Kaká e outros vivem o dilema de chegar em boas condições físicas à Copa do Mundo.
Apesar disso, não seria exagero dizer que o Brasil tem três jogadores numa hipotética seleção mundial. Neste momento, o planeta não vê laterais melhores do que Daniel Alves e Marcelo. Do mesmo modo, é difícil encontrar um zagueiro em melhor forma do que Thiago Silva. Aos três, podemos somar o recuperado Júlio César, o zagueiro David Luiz, Lucas Leiva – o melhor jogador do Liverpool na temporada passada e maior ladrão de bolas da liga inglesa – Ramires (não consigo levar Fernandinho e Elias realmente a sério), Ganso (ou Hernanes), o agora taticamente útil Robinho, Neymar e Leandro Damião. Sem contar os bons Dedé, Maicon, Sandro, Hulk e Alexandre Pato.    
No entanto, a imaturidade das principais peças do setor ofensivo causa bastante dúvida – para não dizer descrença – da imprensa. Dentro do extremo característico, ouvi um apresentador de um programa esportivo da TV fechada dizer que não há a mínima chance do Brasil ser campeão em 2014. Como assim? Nos tornamos a Bolívia sem a altitude e ninguém me contou? Compreendo que o momento, sobretudo o início do trabalho de Mano Menezes, não induz a um grande otimismo, mas não duvido que uma vitória convincente sobre uma rival como a Argentina transforme todo esse pessimismo numa precipitada euforia. Fazer o quê? Somos assim.    
Os rivais:
A CBF divulgou no último dia 12 o calendário da Seleção Brasileira para o primeiro semestre de 2012. Serão cinco amistosos de fevereiro e junho, onde os adversários parecem ter sido milimetricamente escolhidos para não provocar grandes danos até os Jogos de Londres.
Em 28 de fevereiro, o Brasil enfrentará a Bósnia em território suíço. Em maio, na Alemanha, a Seleção pega a Dinamarca no dia 26 e no dia 30 ou 31 viaja aos Estados Unidos para um compromisso diante dos donos da casa. No mês seguinte, o time de Mano encara o México em Dallas no dia 3 e, seis dias depois, a Argentina em Nova Jersey. Embora não se configure uma sequência demasiadamente complicada, fica claro que houve uma busca por rivais que possam proporcionar algum desconforto para a Seleção, mas, ao mesmo tempo, sem colocar a cabeça do técnico na guilhotina. Pode não ser a alternativa mais corajosa, porém, é a mais inteligente.
De olho na Copa:
Numa jogada de mestre, Ricardo Teixeira e Ronaldo conseguiram controlar um dos maiores críticos da Copa no Brasil: Romário. Através do Fenômeno, o Comitê Organizador Local anunciou a reserva de 32 mil ingressos do Mundial para portadores de necessidades especiais e convidou o Baixinho para participar da cerimônia. Como se sabe, o deputado federal tem como bandeira a luta pelos direitos dessa parcela da população e não esconde a emoção quando fala sobre o assunto. Não por acaso, suas críticas ao Mundial se tornaram bem menos ácidas após a aproximação do velho companheiro de ataque.
Na última semana, Jerome Valcke, secretário-geral da FIFA, mostrou-se preocupado com o andamento das obras da Arena das Dunas em Natal e embora tenha mantido todas as doze sedes, alertou que a Copa do Mundo pode ser realizada com apenas oito sedes. Por outro lado, o secretário elogiou a Fonte Nova que cumpre à risca seu calendário de obras.
Abaixo, o andamento das obras nas doze sedes:         
Dentro do previsto: Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza e Salvador;  
Apresentando atrasos: Cuiabá, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo;
Situação preocupante: Curitiba, Manaus e Natal.
Imagens: Terra, O Globo.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Nem tudo é Barcelona.

Como era de se imaginar, o que mais chamou a atenção no programa “Arena Sportv” da última sexta-feira foi a crítica do comentarista Müller à transferência de Rivaldo para o Kabuscorp de Angola. Chamado de “praticamente ex-jogador”, o meia-atacante não deixou barato e, via Twitter, classificou o ex-companheiro de Palmeiras como “fracassado”.
Sinceramente, essa polêmica pouco me importa. Cada atleta sabe o momento de parar e se o pentacampeão se sente à vontade para atuar no país africano, essa é uma decisão que só cabe a ele. Na verdade, o que mais me fez refletir foram as declarações de Frank de Boer, técnico da Ajax e adversário do Palmeiras em amistoso disputado no sábado. Frank, ex-jogador do time de Amsterdã e da seleção holandesa, observou alguns aspectos do futebol brasileiro que merecem destaque.
Nesta semana, já havia citado a atuação do alviverde em partida do Brasileirão 2011, onde, segundo ele, os comandados de Felipão atuaram num anacrônico 4-2-2-2, sistema fartamente utilizado nos anos 1990, mas atualmente em desuso. Mais preocupante foi o comentário durante o programa, onde enfatizou que os times brasileiros abusam dos chutões e que dependem muito da habilidade dos atacantes. Ainda segundo o holandês, as jogadas do Ajax nascem da defesa, passam pelo meio-campo e o gol não é marcado necessariamente pelos homens de frente. Assim como Guardiola havia feito na entrevista coletiva pós-Mundial, essa foi mais uma cutucada em nosso estilo de jogo vigente. Mais um comentário a ser somado ao urgente debate sobre o futebol que praticamos em contraponto ao futebol que queremos e/ou deveríamos praticar.
Por outro lado, é bom deixar claro: Uma coisa é a revisão mais do que necessária dos rumos de nosso futebol; outra, bem diferente, é achar que a distância futebolística entre Brasil e Europa é a mesma evidenciada pela partida entre Santos e Barcelona. Após o massacre de Yokohama, muitos se apressaram em dizer que o futebol europeu era infinitamente melhor do que o nosso e que a aula aplicada pelo Barça era a prova definitiva disso. Não é bem assim. A goleada evidenciou apenas que o time catalão é muito superior à equipe de Muricy, algo que todos sabíamos ou, pelo menos, deveríamos saber. No entanto, se existe um time que não serve como parâmetro justamente por ser completamente fora da curva este é o Barcelona. Não por acaso, é tão especial.
Palmeiras 1x0 Ajax, um amistoso bem disputado, mostrou outra realidade. Excetuando a elite do Velho Continente – composta por no máximo uma dúzia de times – o restante se assemelha e muito ao que vemos em nossos gramados. Via de regra, o futebol contemporâneo é definido, em primeira instancia, pelo montante investido. Neste aspecto, os Godenzonen estão muito mais próximos dos brasileiros do que de seu “herdeiro” Barcelona. Mesmo que sua filosofia seja elogiável e até invejável, pois remete a uma prática que acreditamos ser a ideal, sem o poderio financeiro dos gigantes europeus não é possível manter os craques que fazem a diferença. Embora seja importante dizer que essa constatação não signifique afirmar que não há o que melhorar em nossa prática atual, pois, sem dúvida, há muito coisa a ser feita.
Imagem: ESPN

sábado, 14 de janeiro de 2012

A4L recomenda: Febre de Bola.

"Como pude passar tanto tempo sem ler ‘Febre de Bola’?" Essa foi a primeira pergunta que me fiz quando comecei a ler o livro de Nick Hornby. Depois, houve a constatação de que as 250 páginas não traziam análises profundas sobre futebol ou um paralelismo simples entre a vida do escritor e seu time de coração, o Arsenal. Era algo diferente. E, de certo modo, muito maior do que isso.
No livro, Hornby mergulha em seu próprio passado e trás à tona todo seu fanatismo pelo clube londrino e, em consequência, também provoca o despertar do louco por futebol que existe em cada um de nós. Mesmo estando separados pela diferença de idade e pela distância cultural e geográfica, não foram poucas as vezes em que me vi em situações semelhantes àquelas que o autor viveu. Como o inglês, muitas vezes me vi triste pela derrota do meu time como se ela fosse um fracasso particular. Também não foram poucas as segundas-feiras em que tudo parecia cinza porque o Flamengo perdeu no fim de semana. Assim como não foram raras as ocasiões em que me senti o dono do mundo apenas porque meu capitão ergueu uma taça de Estadual.
“Febre de Bola” (sinopse aqui) é exatamente isso. É uma declaração de como é possível amar um esporte de maneira integral e incondicional. É se sentir parte de algo maior sem se importar em ser apenas mais um. É viver uma paixão ignorando o sentimento que virá depois. Afinal, independente das cores que adotamos, somos todos mais parecidos do que podemos imaginar.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Taticamente Falando.

Espaço destinado a comentar um assunto que é interessantíssimo para alguns, mas tido por muitos como aborrecedor ou difícil de ser assimilado. Todavia, sem o mínimo conhecimento desse aspecto, o futebol não pode ser compreendido em sua totalidade.
4-2-3-1, o esquema da moda.
No futebol, além dos grandes times e dos grandes craques, as eras também são marcadas pelos sistemas táticos. Do revolucionário “WM” de Herbert Chapman nos anos 1920 e 1930 até os nossos dias, muita coisa aconteceu. Tivemos o 4-2-4 eternamente ligado a um período dourado do futebol brasileiro, o 4-3-3 que é usado até hoje, o 4-4-2 difundido pelos ingleses, o 3-5-2 dinamarquês, o 4-2-2-2 que se tornou febre no Brasil nos anos 1990, até chegarmos ao 4-2-3-1 dos dias atuais.
Ao lado do eterno 4-4-2 com meio-campo em linha, o 4-2-3-1 (figura 1) é o sistema tático mais utilizado no futebol moderno. Popularizado no Mundial de 2006, quando as finalistas Itália (que também se alinhava num 4-4-1-1 com Totti à frente do meio-campo) e França encontraram nesse módulo a melhor forma de escalar seus times, o 4-2-3-1 se consolidou nas principais ligas do planeta e hoje é o esquema preferido de boa parte dos técnicos brasileiros. Na Seleção, foi o sistema default de Dunga - à época, descrito como “4-2-3-1 torto” (figura 2), pois tinha o armador Elano pela direita e o atacante Robinho pela esquerda - e foi usado por Mano Menezes em diversos momentos.
Basicamente, o sistema em questão pode ser definido como uma linha de quatro na defesa, com uma dupla de centrais e laterais que apóiam moderadamente, dois volantes que, preferencialmente, precisam saber o que fazer com a bola nos pés, uma linha de três formada por um armador central e dois meio-campistas laterais (também chamados de pontas, dada a similaridade das funções), além do centroavante, não necessariamente fixo entre os zagueiros.
Dentre os pontos positivos do sistema, podemos destacar o bom preenchimentos dos espaços defensivos com o recuo dos pontas e a chegada dos mesmos ao ataque assim como o do meia central. De negativo, o possível isolamento do único atacante caso os três meias não consigam se aproximar de maneira constante, além da hipotética sobrecarga do meia central caso a armação não seja divida com os volantes e os ponteiros. Em outras palavras, não existe esquema perfeito. Assim como outros sistemas, o 4-2-3-1 também reúne prós e contras. Adaptar os jogadores ao melhor sistema e promover os devidos ajustes é tarefa do técnico. O que nem sempre é fácil.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

O que falta para Messi?

Como era esperado, Lionel Messi foi eleito o melhor jogador do mundo pela terceira vez. Todavia, nessa trajetória, o que mais impressiona é como Messi passa a nítida impressão de que sua história no futebol está longe de chegar ao fim. Aos 24 anos e atuando numa equipe dos sonhos, o camisa 10 do Barcelona tem tudo para continuar conquistando títulos individuais e coletivos por muitos anos. Algo que, sem dúvida, o colocará entre os maiores nomes desse esporte.
Isso significa que não falta nada para ele, certo? Errado. Messi é um fora-de-série e nada vai tirar isso dele. Todavia, para que seja comparado a gigantes como Pelé e Maradona, falta uma grande participação em Copas do Mundo com a camisa da Argentina. Opinião também compartilhada pelo presidente da UEFA e ex-craque da França, Michel Platini.  
Nem é necessário ser campeão, pois isso depende do seu selecionado. Porém, atuar bem, depende quase que exclusivamente de seu talento. Conduzir uma seleção, ser seu eixo-mestre em busca do mais alto prêmio é tarefa para poucos. Fazer isso pelo Barcelona - que por ser fortíssimo e entrosado lhe dá CNTP - é algo muito relevante, óbvio, mas ser o elo de uma equipe nacional que só se encontra poucas vezes por ano é algo que só os especiais conseguem realizar. Em 2014, o craque terá mais uma chance de provar isso. Se ele conseguirá realizar esse feito, só o tempo vai dizer.
Imagem: AFP

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

A terceira vez de Messi.

Será uma grande surpresa se Lionel Messi não abocanhar a Bola de Ouro FIFA nesta segunda-feira. Favoritíssimo ao prêmio, o argentino deve chegar ao seu terceiro troféu de melhor jogador do mundo, igualando Ronaldo e Zidane. Mas, ao contrário das duas lendas, o atacante do Barcelona receberia o prêmio pela terceira vez seguida, um feito inédito desde que a entidade decidiu condecorar o melhor jogador do planeta.
Essa conta se inicia em 1991 quando a entidade máxima do futebol decidiu eleger anualmente seu número um. Até então, o troféu individual mais cobiçado do mundo era a Bola de Ouro da revista France Football, porém, até 1995, esta só era entregue a jogadores europeus ou naturalizados. Deste modo, o mundo não viu craques como Pelé e Maradona sendo laureados. Confira a seguir todos os ganhadores do prêmio, seus clubes e nacionalidade:
1991: Lothar Matthäus (Internazionale/Alemanha)
1992: Marco van Basten (Milan/Holanda)
1993: Roberto Baggio (Juventus/Itália)
1994: Romário (Barcelona/Brasil)
1995: George Weah (Milan/Libéria)
1996: Ronaldo (Barcelona/Brasil)
1997: Ronaldo (Internazionale/Brasil)
1998: Zinedine Zidane (Juventus/França)
1999: Rivaldo (Barcelona/Brasil)
2000: Zinedine Zidane (Juventus/França)
2001: Luis Figo (Real Madrid/Portugal)
2002: Ronaldo (Real Madrid/Brasil)
2003: Zinedine Zidane (Real Madrid/França)
2004: Ronaldinho (Barcelona/Brasil)  
2005: Ronaldinho (Barcelona/Brasil)  
2006: Fabio Cannavaro (Real Madrid/Itália)
2007: Kaká (Milan/Brasil)
2008: Cristiano Ronaldo (Manchester United/Portugal)
2009: Lionel Messi (Barcelona/Argentina)
2010: Lionel Messi (Barcelona/Argentina)
2011: Lionel Messi (Barcelona/Argentina)*
Se a competição fosse por clubes, a classificação seria:
Barcelona: 8*
Real Madrid: 4
Juventus: 3
Milan: 3
Internazionale: 2
Manchester United: 1
Como se pode notar, apenas um seleto grupo de clubes tiveram seus atletas reconhecidos como melhores. Caso a conquista de Messi se confirme, o Barcelona abrirá ainda mais sua distância para a concorrência.
Todavia, se a competição fosse entre países, o Brasil estaria na frente:
Brasil: 8  
França: 3
Argentina: 3*
Itália: 2
Portugal: 2
Alemanha: 1
Holanda: 1
Libéria: 1  
Apesar de liderar com folga, o Brasil não tem um eleito desde 2007 quando Kaká conduziu o Milan aos títulos continental e mundial. Curiosamente, a Espanha, atual campeã do mundo, nunca teve um jogador premiado. Em grande parte, isso se deve ao fato de que normalmente as maiores estrelas de La Liga são estrangeiras. Por sua vez, a Argentina deve chegar ao seu terceiro prêmio e, como se trata de Messi, não é difícil imaginar mais troféus vindo por aí.
*A confirmar.
Imagem: Gastau Nacarino/LANCEPRESS

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

O adeus de Marcos.

O que mais me chama a atenção nas redes sociais é a velocidade como as notícias repercutem. Todos têm uma opinião, todos querem abordar os temas que lhes agradam. Com o anúncio da aposentadoria de Marcos não foi diferente. Ao lado das tentativas de canonização definitiva dos palmeirenses e das observações debochadas dos torcedores rivais, havia o enorme respeito pelo profissional e pela pessoa que ele é.
Infelizmente, a segunda metade da carreira de Marcos foi marcada por infindáveis lesões. Após a Copa de 2002, o ponto mais alto de sua trajetória, o goleiro passou boa parte de seu tempo entregue ao departamento médico. Como não poderia deixar de ser, essa rotina sacrificante foi crucial em sua decisão de pendurar as luvas. Agora, o que fica são as lembranças de um dos maiores arqueiros de sua geração.
Geração em que dividiu os holofotes com Rogério Ceni e Dida, goleiros que tiveram carreiras mais regulares, mas, nem por isso, de mais sucesso. Ceni conquistou mais títulos pelo São Paulo, Dida triunfou na Europa, porém, Marcos foi o camisa 1 no pentacampeonato na Ásia. Homem de confiança de Felipão, foi determinante na conquista brasileira rivalizando com Oliver Kahn o posto de melhor goleiro daquele Mundial. Todavia, diante de um palmeirense fanático, não tente colocá-lo no mesmo patamar dos outros dois. A devoção de Marcos ao alviverde não permite tal heresia. Não ouse comparar quem um dia recusou o Arsenal para jogar a segunda divisão com quem só não defendeu o clube londrino, porque este desistiu da negociação. Não tente comparar São Marcos com um goleiro frio e de muitas camisas como baiano.  
Aqueles que o conhecem, definem Marcos como um sujeito do bem, autêntico, passional. Não daquele tipo que fala sem pensar, mas do tipo que fala o que pensa. Neste aspecto, é quase um estranho num mundo politicamente correto onde imperam declarações pasteurizadas. Apesar disso, um homem de grupo, contador de estórias e piadas. Por essa faceta, quase recebeu de Dunga uma vaga no Mundial de 2010. Mas isso não seria digno dele. Não seria digno de um dos melhores goleiros que o Brasil já teve.
Valeu, Marcos.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Question – Premiação.

Conforme informado anteriormente, o vencedor da quarta edição do Question tinha o direito de escolher o livro sobre futebol que gostaria de receber do blog “Além das Quatro Linhas” a partir de uma lista pré-determinada ou indicar outra obra de sua preferência.
Seguindo a segunda opção, o campeão Victorino Netto escolheu “Jogo Sujo, o mundo secreto da FIFA” de Andrew Jennings, livro que aborda a corrupção que cerca a entidade máxima do futebol. Sempre crítico e firme em suas convicções, o jornalista escocês tornou-se famoso no Brasil após ser ouvido pelo Senado Federal e acusar o presidente da CBF, Ricardo Teixeira e seu ex-genro João Havelange de receberem propina da falida ISL. Sem dúvida, uma leitura de respeito.   
Na oportunidade, agradeço a todos que participaram desta série e reitero o convite para a quinta edição.
Grande abraço!

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Ganso não é tudo isso.

É oficial: O Santos abriu mão da compra dos 10% dos direitos econômicos do meia Paulo Henrique Ganso que pertenciam ao atleta e permanece detentor de apenas 45% do total. Agora, a empresa DIS se tornou parte majoritária (55%) numa futura negociação do jogador do Santos, embora isso não signifique que uma possível transação acontecerá em breve, uma vez que os direitos federativos ainda são do campeão sul-americano.
De fato, não é surpresa a falta de interesse do clube da Baixada em adquirir um percentual maior de Ganso. Além de problemático, o jogador não tem propostas reais da Europa e passou boa parte dos últimos 18 meses no departamento médico. Mesmo assim, o presidente Luis Alvaro Ribeiro segue afirmando que não pretende negociá-lo e conta com seu futebol até fevereiro de 2015, mês que marca o término de seu contrato.
Tratado como “ave rara” no Brasil, Ganso é um dos últimos representantes dos quase extintos meias clássicos, tipo de jogador que ainda faz os olhos brilharem por aqui. O porte esguio, o passe refinado e a visão de jogo remetem aos antigos armadores que eram marca registrada das equipes do passado. Em forma, o camisa 10 seria o maestro da Seleção Brasileira na Copa de 2014. Para os saudosistas, não existe coisa melhor.
Particularmente, não o vejo assim. Até me surpreendo quando ouço alguém dizendo que ele é melhor do que Neymar. Lógico que Ganso é um bom jogador, extremamente técnico e inteligente com a bola nos pés, mas não é muito mais do que isso. Falta-lhe intensidade sem a bola e profundidade para chegar ao ataque com mais contundência. Atento a isso, o técnico Muricy Ramalho disse que vem orientando o meia a se aproximar mais da área, bater mais a gol, porém, ainda falta muito para que ele se torne o que muitos imaginam que ele já é.
Mal comparando, Ganso me lembra o argentino Riquelme que fracassou no Barcelona por necessitar de um esquema tático que lhe desse toda a liberdade para criar sem precisar marcar. Um tipo de luxo que nenhum grande clube pretende oferecer. Não por acaso, enquanto Real Madrid e Barcelona oferecem mundos e fundos ao habilidoso e goleador Neymar, as propostas de Milan, Inter e PSG por Ganso nunca se concretizaram.
O pouco interesse do mercado internacional se deve, sobretudo, a seu estilo anacrônico. Enquanto meias como Xavi e Iniesta são extremamente dinâmicos, o paraense é daqueles que acredita que um craque não precisa correr atrás de ninguém. Com essa convicção, não passou de um espectador na final do Mundial de Clubes contra o Barça. Ali, deve ter visto como os meio-campistas modernos devem atuar. Humilde, Neymar disse que aprendeu suas lições. Será que Ganso fez o mesmo?
Foto: Miguel Schincariol/Lancenet